Projeto OPANÁ participa de encontro de celebração dos dez anos da Rede de Sementes da Agroecologia

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Evento reuniu povos indígenas, comunidades kilombolas e organizações para fortalecer o intercâmbio de sementes e a preservação da agrobiodiversidade

Por Assessoria de Comunicação FLD

Fotos: Coletivo Triunfo e ReSa

De 11 a 13 de abril, na Associação Brasileira de Amparo à Infância (ABAI), em Mandirituba (PR), ocorreu o Encontro das Guardiãs e Guardiões da Agrobiodiversidade. O evento, que marcou os dez anos da ReSA – Rede de Sementes da Agroecologia, reuniu agricultoras e agricultores, povos indígenas, kilombolas, coletivos e organizações de todo o estado. 

Entre as participações, também esteve o projeto OPANÁ: Chão Indígena, parceria da FLD com a Itaipu Binacional, representado por integrantes da equipe técnica e por pessoas das comunidades envolvidas na iniciativa, dentre as quais Guaviraty (Pontal do Paraná/PR), Araçaí (Piraquara/PR) e Cerco Grande (Guaraqueçaba/PR). A participação do OPANÁ no encontro alinha-se ao objetivo de intercâmbio de sementes e biodiversidade previsto pelo projeto. 

Com rodas de conversa, cinema agroecológico, trocas de sementes e articulações rumo ao Encontro Nacional de Agroecologia (ENA) – previsto para acontecer em Foz do Iguaçu em 2026 –, o evento reafirmou o papel estratégico da ReSA na preservação e proteção das sementes tradicionais. 

A ReSa nasceu no ano de 2015, como um espaço articulador de iniciativas relacionadas às sementes tradicionais no estado do Paraná, fortalecendo a articulação política de diferentes grupos e instituições. Seu objetivo principal é impulsionar a agroecologia como modelo referência para a produção de alimentos, garantindo maior autonomia e valorização das famílias agricultoras, tanto produtoras quanto consumidoras.

Para Fernando Diniz, assessor de projetos da FLD, o encontro foi uma experiência marcante, especialmente por valorizar o protagonismo indígena na preservação da agrobiodiversidade. “Foi um evento fantástico, que destacou a importância da participação das comunidades indígenas e as colocou como protagonistas nesse processo”, afirmou. Ele destacou a formação de três novos guardiões de sementes e mencionou que o encontro possibilitou a troca e recuperação de espécies importantes, como a melancia indígena, o caxi e diversas variedades de batata-doce.

Fernando também falou sobre a doação, feita pela ABAI, de sementes do milho ancestral Guarani (Avaxi Ete´í, milho verdadeiro), reforçando que a recuperação destas sementes nutre o sentimento de identidade e pertencimento dos povos aos seus territórios. “Esses eventos são fundamentais para o fortalecimento dos povos, territórios, instituições e também das políticas públicas, essenciais para nossa luta”, comentou. 

Para Ines Fátima Polidoro, guardiã de sementes integrante da ReSA e agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT), a verdadeira base da agroecologia está na resistência dos povos. “Mesmo diante de toda a opressão, os povos indígenas seguem apontando caminhos. Não dá para falar de técnicas agroecológicas sem reconhecer a história das comunidades que as mantêm vivas e que sempre protegeram as sementes”, afirma.

A realização do encontro contou com o apoio de diversas organizações comprometidas com a agroecologia, como a ABAI, AS-PTA, Assessoar, Coletivo Triunfo, Comissão Estadual de Mulheres Trabalhadoras Rurais, Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores (FETAEP), dentre outras. Parte dessas iniciativas também compõem a frente de articulação rumo ao próximo ENA, que será sediado no sul do Brasil pela primeira vez.