Parceria com a FUNAI leva sementes tradicionais às comunidades Guarani no Paraná

Parceria com a FUNAI leva sementes tradicionais às comunidades Guarani no Paraná - OPANÁ

Junto às sementes de diferentes variedades, foram entregues ferramentas e equipamentos essenciais para fortalecer a agroecologia nas aldeias

POR ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA FLD
Fotos: Ana Paula Soukef e Fábio Conterno

Uma parceria entre a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) e o projeto OPANÁ: Chão Indígena entregou sementes para as comunidades Avá e Mbya Guarani da região Oeste e do Litoral paranaense. Ao todo, mais de uma tonelada de sementes estão sendo distribuídas e serão plantadas nas comunidades indígenas.

As sementes foram adquiridas pela FUNAI através do Programa de Aquisição de Alimentos – Sementes (PAA), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), junto à Cooperativa dos Agricultores Familiares de Palmeira (CAFPAL), na região dos Campos Gerais do Paraná. As sementes, que são tradicionais ou indígenas, se desenvolveram naturalmente em uma determinada região e são produzidas por agricultoras e agricultores familiares e povos e comunidades tradicionais e mantidas e distribuídas por meio de coletivos, bancos de sementes e associações que protegem e mantêm estas sementes.

As variedades de milho, arroz, feijão, quiabo, entre outras distribuídas, foram definidas a partir de uma pesquisa realizada pela FUNAI junto às comunidades indígenas que estão sendo beneficiadas. Para a entrega e o plantio, a FUNAI conta com a assessoria técnica do Programa CAPA, da Fundação Luterana de Diaconia (FLD), via projeto OPANÁ: Chão Indígena, que fará o acompanhamento, desde a preparação da terra até a colheita, em comunidades do Oeste e do Litoral paranaense.

Ação conjunta é uma das etapas que compõem o projeto, esta distribuição pretende viabilizar a soberania alimentar baseada no modelo de agroecologia para as comunidades indígenas atendidas. O objetivo é fortalecer a agricultura familiar nas aldeias, garantindo uma alimentação mais saudável, livre de agrotóxicos e com a manutenção de sementes e processos ancestrais.

Para Ronaldo Martinez, cacique da Tekoha Guarani, no município de Guaíra (PR), a importância da chegada de sementes tradicionais através do projeto OPANÁ é uma das formas de ajudar a manter a dignidade da comunidade. “Fortalece a nossa união, fortalece a nossa cultura, fortalece a nossa independência” afirma. Ainda, o projeto possibilita uma autonomia maior em relação aos programas de políticas públicas que proporcionam a assistência das famílias nas comunidades. “Ajuda a não depender somente do governo e a gente consegue produzir nosso próprio alimento”, conclui Ronaldo.

O projeto OPANÁ: Chão Indígena, trabalha com uma metodologia que atende as comunidades Avá e Mbya Guarani a partir das necessidades e demandas levantadas pela própria comunidade através de planos comunitários debatidos com as equipes técnicas do projeto. “As distribuições atendem no que as comunidades ativamente decidiram em relação às áreas produtivas, os quintais produtivos e os roçados”, explica Jhony Luchmann, coordenador do projeto. Para Jhony, a forma como se toma a decisão é fundamental para que os propósitos do projeto aconteçam de forma orgânica. “As entregas são de fato o que gostariam de receber, é o que faz sentido para as comunidades. São as sementes que usam e aplicam no seu dia a dia para fazer a produção de alimentos”, conclui e ainda destaca que todas as ações são decididas pelas pessoas indígenas. “É uma ação da comunidade. A proposta não é do projeto, ele se compromete com acompanhamento técnico das áreas produtivas que estão sendo beneficiadas pelo projeto “, ressalta.

O gestor do Programa de Sustentabilidade Indígena da Itaipu Binacional, Paulo Porto, defende que parcerias como esta fortalecem a execução de políticas públicas. “A parceria entre Itaipu Binacional, FLD através do OPANÁ: Chão Indígena e a FUNAI é fundamental não só porque ela fortalece as políticas públicas do governo federal, mas também consolida o projeto OPANÁ como uma referência do debate da segurança alimentar em todo Paraná. Todos temos a ganhar com isso, em especial as comunidades indígenas do Oeste e do Litoral do Paraná “, afirma.

Ferramentas e equipamentos

Além de sementes, também foram entregues para as comunidades indígenas acompanhadas pelo projeto ferramentas e equipamentos para o trabalho nos quintais produtivos e nos roçados.

Foram distribuídas enxadas, facões, cavadeiras, entre outras ferramentas para serem utilizadas na construção e formação de canteiros e no cultivo da terra nos quintais produtivos, que são espaços para a produção de hortaliças, verduras, frutas e plantas medicinais da cultura Guarani.

Para os roçados, espaços maiores para o cultivo de mandioca, milho, feijão, abóbora, melancia, entre outras variedades, as pessoas indígenas receberam roçadeiras, motosserras, plantadeiras manuais e outros equipamentos.

O projeto OPANÁ: Chão Indígena é uma ação da Fundação Luterana de Diaconia (FLD), por meio do Programa CAPA em parceria com a Itaipu Binacional. O projeto tem como foco a segurança alimentar às comunidades indígenas com base na agroecologia, o acesso ao saneamento e água potável, além do fortalecimento cultural. Atua com as comunidades Guarani localizadas no Oeste e Litoral do Paraná, atendendo um total de 32 comunidades dos povos Avá e Mbya, distribuídas em dez municípios paranaenses.